Quando eu era mais nova, resolvi ler "Os Homens São de Marte, As Mulheres São de Vênus" numa de que eu tinha que entender nossas diferenças para lidar com elas... tempos depois veio "Homens fazem sexo mulheres fazem amor" que dizia mais ou menos as mesmas coisas.
E de tudo o que li uma coisa ficou bem marcada, as mulheres quando tem problemas precisam falar, falar falar, não necessariamente pedindo opinião, mas tem a necessidade de falar como se falando e se ouvindo conseguissem pensar... já os homens, são o extremo oposto, este se recolhem em seu pensamentos, fazendo exatamente o que a mulher faz, mas de forma silenciosa, ensimesmados (palavra do tempo da minha avó que sempre quis usar, uhu!). Se não me engano no "O Homens são de Marte..." ainda fazia uma correlação com o silencio do homem e o ato de recolher-se nas cavernas para poder buscar uma solução da questão...
E ai vem o problema... para mim, por mais que eu saiba disso tudo, é muito, muito complicado vê-lo sentado no canto do sofá com olhar perdido no horizonte a tal ponto é indiferente colocar nas notícias da SIC ou na novela da Globo.... Em meu papel de mulher fico pensando o que posso fazer para ajudar (de vez em quando até pergunto), mesmo sabendo que tudo o que ele quer é pensar e pensar, em paz...
Mas sou mulher, e a prova disso é que mesmo sabendo que o estresse é no trabalho, fico pensando " o que foi que eu fiz?", "porque ele está se afastando de mim?", "será que a culpa é minha?" os pensamentos são mais fortes que eu, mas eu mesma me respondo... "a culpa não é sua, não é com vc, tenha paciência, as coisas vão se resolver e ele 'sairá da caverna'"....
Mas essa espera é angustiante... E para piorar ele resolveu pensar alto, sobre o passado, presente, decisões, arrependimentos e sobre o futuro, escolha da carreira, decisões que fazem com que ele seja hoje o que é e esteja aonde está!.... acho que isso foi o que mais doeu. Talvez tenha sido uma impressão errada, uma 'tradução' errada entre o que os homens falam para o que as mulheres entendem... mas a sensação que ficou é que não estou incluída em lugar nenhum, talvez num pequeno espaço que torna o presente confortável, mas nem isso conta para confortar um momento complicado... Tento não ser radical, mas é péssimo pensar isso. Quando as coisas estão bem, não é essa a impressão que tenho, mas basta um pequena crise para que venha a sensação.
OK. Nosso histórico não ajuda, foi no meio de uma dessas crises de trabalho que tempos atrás ele resolveu se afastar, e me torturar por 2 longas semanas de mais absoluto silêncio. Doeu, sofri, e quando estava retomando minha vida ele resolveu voltar. Demorou mas aos poucos ele foi reconquistando minha confiança, mas acho que nunca chegou a 100% como antes (que no fundo talvez não seja de todo ruim).... mas o medo permanece de que algo semelhante volte a acontecer até porque não toleraria uma segunda vez.
